
O futuro da mobilidade sustentável pode estar em um caminho menos explorado: o hidrogênio. O Hyundai Nexo, um SUV movido a célula de combustível, promete uma experiência de condução livre de emissões e ainda com a capacidade de purificar o ar. Mas como ele funciona na prática? A Hyundai trouxe o modelo para um teste no Brasil, e tivemos a oportunidade de conhecer essa tecnologia mais de perto.
Diferente de carros elétricos convencionais que armazenam energia em baterias, o Nexo utiliza hidrogênio para gerar eletricidade por meio de uma reação eletroquímica na células de combustível. O resultado dessa reação é energia para o motor e um escape que emite apenas vapor d’água. Esse processo exige que o oxigênio presente na atmosfera passe por uma filtragem intensa (de 10 vezes) antes de entrar no sistema, resultando na liberação de um ar mais limpo do que o que foi absorvido.

Foto de: Hyundai

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O Hyundai Nexo não é um lançamento recente. Ele foi apresentado em 2018 e já soma mais de 38 mil unidades vendidas globalmente, consolidando-se como o veículo a hidrogênio mais comercializado do mundo. Mesmo com seis anos de mercado, seu design continua moderno e aerodinâmico, e trouxe cuidados e tecnologia que estavam bem à frente do seu tempo naquela época. Um exemplo foi o cuidado com a aerodinâmica, o qual resultou em um coeficiente de arrasto de apenas 0,32. Elementos como maçanetas embutidas, rodas projetadas para minimizar turbulências e difusores de ar espalhados pela carroceria reforçam o foco na eficiência.
Por dentro, o Nexo mantém um padrão de acabamento próximo ao de modelos premium. Conta com bancos elétricos com aquecimento e ventilação, carregador sem fio para smartphones e uma central multimídia de 12,3 polegadas integrada ao painel digital de mesmo tamanho, lembrando que isso tudo foi pensado antes de 2018, ano que chegou ao mercado.

Foto de: Hyundai

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O console elevado e sem alavanca de câmbio, abriga diversos botões físicos para funções do veículo, um reflexo das tendências da época em que foi desenvolvido. Hoje, a maioria das montadoras vem eliminando botões físicos.

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O SUV também traz um pacote completo de assistência à condução, incluindo controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa e monitoramento de ponto cego.
Tecnicamente, estamos falando de um veículo FCEV (Veículo Elétrico a Célula de Combustível). Nele, a eletricidade é gerada por meio da reação eletroquímica entre as moléculas de hidrogênio armazenadas no tanque e as moléculas de oxigênio presentes no ar ambiente. Como subproduto dessa reação, a água é gerada. A eletricidade produzida pela célula de combustível é utilizada para acionar o motor elétrico, fazendo o veículo se mover.
Como funciona a célula de combustível?
– Anodo (lado do hidrogênio): O hidrogênio é alimentado na célula e se divide em prótons (íons de hidrogênio) e elétrons.
– Cátodo (lado do oxigênio): O oxigênio é captado do ar e entra na célula de combustível.
– Reação eletroquímica: Os elétrons fluem por um circuito externo, gerando eletricidade para alimentar o motor elétrico do veículo. Já os íons de hidrogênio (prótons) passam pela membrana eletrolítica até o cátodo, onde se combinam com o oxigênio, formando água (H2O) como subproduto.
Esse processo é contínuo enquanto houver hidrogênio e oxigênio disponíveis, o que torna os veículos a célula de combustível uma opção limpa e eficiente para a mobilidade.

Foto de: Hyundai
A experiência ao volante do Hyundai Nexo é muito semelhante à de um carro elétrico convencional. Seu motor elétrico entrega 163 cv e 40,1 kgfm de torque, garantindo acelerações suaves e silenciosas. Quando se olham estes números, pode dar a impressão que o Nexo é um “carro manco”, mas a prática é bem diferente disso. O segredo está no torque elevado e a ausência de baterias, comparando com os elétricos a bateria de hoje (BEVs).

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A distribuição de peso otimizada contribui para um comportamento equilibrado, sem rolagem excessiva da carroceria, e a suspensão ajustada para conforto reforça a experiência refinada ao rodar. Novamente, todo o conjunto da tecnologia de célula de combustível acrescenta apenas 111 kg, já considerando os 6 kg adicionados dos 3 tanques abastecidos.
A autonomia declarada do modelo é de aproximadamente 660 km com um tanque cheio de hidrogênio, um número competitivo em comparação com muitos veículos elétricos a bateria. Um dos grandes diferenciais está no tempo de abastecimento: em apenas cinco minutos, o tanque pode ser completamente reabastecido, um tempo similar ao de um veículo a combustão.
Característica | Valor Original |
---|---|
Fuel Cell Stack | 95 kW (127 cv) |
Bateria | 40 kW (54 cv) |
Potência Máxima | 163 cv / 5.000 rpm |
Torque Máximo | 394 Nm |
Motor | 120 kW (163 cv) |
Sistema de Armazenamento de H2 | 6.33 kg |
Economia de Combustível | 105 km por kg |
Autonomia | 666 km |
Velocidade Máxima | 176 km/h |
Por outro lado, a grande limitação dos carros a hidrogênio continua sendo a infraestrutura. Em países como Coreia do Sul, Estados Unidos e Alemanha, já existem centenas de postos de abastecimento específicos. No Brasil, a tecnologia ainda é incipiente, mas há projetos para utilizar etanol como fonte de hidrogênio, o que poderia viabilizar a aplicação da tecnologia no mercado nacional no futuro. Para se ter uma ideia, existe um único posto no Brasil com a pressão necessária para entregar a carga máxima (6,33 kg de hidrogênio) e fica em Itajubá, MG.
Embora os carros a hidrogênio ainda sejam raros, essa tecnologia já vem sendo utilizada em frotas comerciais. Caminhões, ônibus e até navios movidos a célula de combustível já operam em países da Europa e América do Norte, reduzindo emissões em segmentos que tradicionalmente são grandes poluentes.
A Hyundai mantém uma aposta forte nesse segmento e vê o hidrogênio como uma solução complementar aos veículos elétricos convencionais. Enquanto algumas montadoras abandonaram essa tecnologia, a marca segue desenvolvendo novas gerações do Nexo e investindo em aplicações para transporte pesado.
No cenário atual, o Hyundai Nexo ainda não tem previsão de venda no Brasil. A viabilidade do hidrogênio como alternativa energética depende do desenvolvimento de infraestrutura, o que ainda está em estágio inicial. No entanto, algumas iniciativas, como o uso do etanol para geração local de hidrogênio, podem acelerar essa implementação.
Independentemente do caminho que o mercado brasileiro seguir, a experiência ao dirigir um carro como o Nexo demonstra que a tecnologia já está pronta. A questão agora não é se os veículos a hidrogênio são viáveis, mas quando e como eles serão adotados em larga escala.
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