Estudo relaciona consumo de adoçante a crescimento de tumor cerebral





O consumo frequente de adoçante foi relacionado a um maior risco de alterações genéticas e intestinais que favorecem a formação de tumores em um estudo feito por pesquisadores do Hospital de Foshan, na China. A pesquisa indica que camundongos alimentados com aspartame tiveram uma progressão do glioblastoma, um tipo agressivo de câncer cerebral.


A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports em 2 de julho, indica que o aspartame, usado em refrigerantes, gomas de mascar e até em pastas de dente, pode estar ligado a alterações biológicas que podem acelerar o desenvolvimento do tumor.



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Para a pesquisa, foram usados camundongos que já tinham o tumor, mas eles foram divididos entre alimentados com aspartame ou não. Aqueles que incluíram o adoçante na dieta tiveram tumores mais graves ao serem comparados com os que não usavam o produto.



Sintomas do glioblastoma


O glioblastoma é um tipo agressivo de tumor cerebral. Costuma ocorrer na parte mais interna do cérebro, onde alcança um crescimento rápido. Aliado à dificuldade de tratar por sua localização, o tumor costuma ser extremamente agressivo. Veja os sintomas comuns:



  • Dores de cabeça: podem ser persistentes, intensas e piorar progressivamente, além de poderem estar associadas a náuseas e vômitos.

  • Convulsões: costuma ser o primeiro sintoma de gravidade da condição, é o gatilho para a busca de um médico.

  • Alterações cognitivas: dificuldade de memória, confusão mental, problemas de atenção e dificuldade de raciocínio.

  • Alterações de humor e personalidade: aparecem cenários inéditos de irritabilidade, mudanças de comportamento, depressão ou ansiedade.

  • Problemas de visão: visão embaçada, visão dupla ou perda da visão periférica são manifestações comuns da doença.

  • Dificuldades na fala: dificuldade para encontrar palavras, falar de forma incoerente ou dificuldade de compreensão da linguagem.

  • Problemas de coordenação motora: em estados mais avançados de comprometimento, pode aparecer fraqueza muscular, perda de equilíbrio, dificuldade para caminhar ou paralisia em um membro.



Associação entre o adoçante e o câncer


Desde 2023, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc) classificou o aspartame como possivelmente cancerígeno para humanos. Embora o adoçante esteja no ponto mais baixo da lista de risco, onde as evidências científicas ainda são pequenas para afirmar concretamente o perigo, o estudo reforça a atenção da comunidade médica internacional com o seu uso.


A pesquisa mais recente analisou como o adoçante altera o ambiente biológico de camundongos com glioblastoma, levando a mudanças importantes na flora intestinal e em genes associados à progressão do câncer.


A Iarc estabeleceu como limite seguro para consumo até 40 mg/kg por dia. Para um adulto de 70 kg, isso equivale a cerca de 14 latas de refrigerante dietético. Mesmo assim, a recomendação de estudos mais amplos permanece.


Impacto na microbiota e nos genes


Os cientistas notaram uma redução significativa da família bacteriana Rikenellaceae nos animais expostos ao adoçante. Essa alteração pode reduzir a imunidade e intensificar os processos metabólicos do tumor.


Os pesquisadores observaram também um aumento na expressão de genes regulados por modificações epigenéticas, as ativações que o ambiente faz em nosso DNA. Esses genes alterados pela exposição ao adoçante facilitam a multiplicação celular e o desenvolvimento de diversos tumores.


O gene TGFB1, por exemplo, é conhecido por contribuir para um ambiente que favorece o crescimento especificamente do glioblastoma, o que pode aumentar até a resistência ao tratamento.


As evidências encontradas ainda são experimentais e se referem a modelos animais. Mesmo assim, os autores defendem que os resultados abrem caminho para estudos sobre o uso de terapias que combinem modificações na dieta e intervenções médicas para controlar os tumores.


O estudo, porém, não explorou como o microbioma presente no próprio tecido tumoral poderia interagir com o adoçante — o que os pesquisadores reconhecem como uma lacuna da investigação.


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