
O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais emergências médicas. Acontece quando o fluxo de sangue para uma área do cérebro é interrompido ou quando há sangramento interno.
Em segundos, as células cerebrais passam a sofrer por falta de oxigênio, o que pode gerar sequelas graves ou até levar à morte. Por isso, a rapidez no reconhecimento e no atendimento é determinante para salvar vidas e preservar funções como fala, movimento e visão.
Para facilitar a identificação dos sintomas, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC) adotam duas estratégias simples e complementares: o protocolo internacional FAST e a sigla SAMU, adaptada ao público brasileiro. Ambos reforçam que os sinais do AVC costumam surgir de repente, em alguém que estava aparentemente bem instantes antes.
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Teste SAMU
O teste pode ser feito por qualquer pessoa ao notar algo errado. Basta seguir os seguintes passos:
- S de Sorriso: peça para a pessoa sorrir; observe se um lado do rosto fica torto ou caído.
- A de Abraço: peça para levantar os dois braços; se um deles cair, há perda de força.
- M de Música/Mensagem: peça para cantar ou repetir uma frase simples; repare se a fala fica enrolada, lenta ou incompreensível.
- U de Urgência: se qualquer um desses sinais aparecer, ligue imediatamente para o SAMU (192).
No AVC, cada minuto de espera significa tecido cerebral perdido. Vale lembrar que qualquer um desses sintomas — mesmo isolados — deve ser tratado como emergência. Para auxiliar na identificação rápida, estes são outros sinais de alerta que podem surgir de repente:
Sintomas que podem indicar um AVC
- Perda repentina da visão, especialmente em um olho.
- Visão dupla ou embaçada.
- Tontura súbita intensa, com dificuldade para andar.
- Perda de equilíbrio ou sensação de “pernas bambas”.
- Dor de cabeça intensa e abrupta, muito diferente das habituais.
- Confusão mental repentina, dificuldade de entender ou reagir.
- Formigamento súbito, especialmente se acompanhado de outros sinais.
Principais causas e fatores de risco do AVC
A cardiologista Luciana Barbosa, do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, destaca que as doenças do coração têm papel importante no desenvolvimento do AVC, sobretudo entre idosos.
“As doenças cardíacas, como arritmia, alterações da contratilidade do coração (mudanças na força com que se contrai) e formação de placas de gordura nas artérias, estão relacionadas com as principais causas de acidente vascular cerebral em idoso”, afirma.
Ela explica que esses problemas podem comprometer artérias do coração, do cérebro ou do pescoço, além de se somarem a fatores de risco como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, obesidade e tabagismo. “Essas outras doenças, que são fatores de risco para as doenças cerebrovasculares, também estão envolvidas no desenvolvimento do AVC”, reforça.
A hipertensão merece atenção especial. “A pressão alta descontrolada pode causar tanto o AVC isquêmico quanto o hemorrágico. É importante que o paciente mantenha a pressão sempre controlada e procure atendimento imediato se aparecerem sintomas neurológicos”, alerta Luciana.
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1 de 10O acidente vascular cerebral, também conhecido como AVC ou derrame cerebral, é a interrupção do fluxo de sangue para alguma região do cérebro
Agência Brasil
2 de 10O acidente pode ocorrer por diversos motivos, como acúmulos de placas de gordura ou formação de um coágulo – que dão origem ao AVC isquêmico –, sangramento por pressão alta e até ruptura de um aneurisma – causando o AVC hemorrágico
3 de 10Muitos sintomas são comuns aos acidentes vasculares isquêmicos e hemorrágicos, como: dor de cabeça muito forte, fraqueza ou dormência em alguma parte do corpo, paralisia e perda súbita da fala
4 de 10O derrame cerebral não tem cura, entretanto, pode ser prevenido em grande parte dos casos. Quando isso acontece, é possível investir em tratamentos para melhora do quadro e em reabilitação para diminuir o risco de sequelas
5 de 10Na maioria das vezes, acontece em pessoas acima dos 50 anos, entretanto, também é possível acometer jovens. A doença pode acontecer devido a cinco principais causas
6 de 10Tabagismo e má alimentação: é importante adotar uma dieta mais saudável, rica em vegetais, frutas e carne magra, além de praticar atividade física pelo menos 3 vezes na semana e não fumar
7 de 10Pressão alta, colesterol e diabetes: deve-se controlar adequadamente essas doenças, além de adotar hábitos de vida saudáveis para diminuir seus efeitos negativos sobre o corpo, uma vez que podem desencadear o AVC
8 de 10Defeitos no coração ou vasos sanguíneos: essas alterações podem ser detectadas em consultas de rotina e, caso sejam identificadas, devem ser acompanhadas. Em algumas pessoas, pode ser necessário o uso de medicamentos, como anticoagulantes
9 de 10Drogas ilícitas: o recomendado é buscar ajuda de um centro especializado em drogas para que se possa fazer o processo de desintoxicação e, assim, melhorar a qualidade de vida do paciente, diminuindo as chances de AVC
10 de 10Aumento da coagulação do sangue: doenças como o lúpus, anemia falciforme ou trombofilias; doenças que inflamam os vasos sanguíneos, como vasculites; ou espasmos cerebrais, que impedem o fluxo de sangue, devem ser investigados
Por que esses sinais são tão perigosos?
O neurologista Flávio Sekeff Sallem, do Hospital Japonês Santa Cruz, explica que o AVC costuma surgir sem aviso. “Nos primeiros minutos, o AVC se manifesta de forma súbita. É aquela sensação de que ‘algo desligou’ no corpo”, descreve.
O especialista alerta que o tempo de reação é crucial. Nos primeiros 60 a 90 minutos, as chances de reverter completamente os sintomas são maiores. “Depois desse tempo, o risco de sequelas cresce muito rápido”, afirma.
A janela para tratamentos mais eficazes começa a se fechar entre 3 e 4,5 horas após o início dos sintomas. Além disso, Flávio lembra que até sintomas leves podem ser um alerta real.
“Quando o sintoma começa de repente, mesmo que seja leve, deve ser levado a sério. É muito melhor errar pelo excesso de cuidado”, orienta.
Mesmo com sintomas claros, a confirmação do AVC depende da avaliação médica e de exames de imagem. A cardiologista Luciana Barbosa enfatiza que a tomografia pode, no início, não mostrar alterações, mas isso não descarta o diagnóstico.
“O principal exame é o clínico. Mesmo com tomografia normal no início, não descartamos AVC, porque as alterações podem ainda não ter aparecido”, pontua.
Existem tratamentos que podem desobstruir artérias e reduzir sequelas, desde que iniciados rapidamente. Por isso, reconhecer os sinais, usar o protocolo SAMU e acionar o socorro imediatamente pode salvar vidas e preservar o funcionamento cerebral.
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https://jornalismodigitaldf.com.br/cardiologista-ensina-como-saber-se-voce-esta-tendo-um-avc/?fsp_sid=235838